Por Henry Van Dyke
Nascida no Oriente, com sua vestimenta e imagem orientais, a Bíblia avança pelos caminhos de todo o mundo ganhando familiaridade, penetrando todas as terras, encontrando-se em todas as partes. A Bíblia tem a faculdade de falar em centenas de idiomas ao coração do homem, Chega ao palácio para dizer ao monarca que ele é um servo do Altíssimo e à choupana para garantir ao camponês que ele é um filho de Deus. As crianças maravilhadas e embevecidas escutam suas histórias e homens sábios as consideram como parábolas de vida.
A Bíblia contém uma palavra de paz para todo tempo de prova, uma palavra de conforto para o dia de calamidade, uma palavra de luz para a hora de trevas.
Seus oráculos são repetidos na assembléia do povo e seus conselhos sussurrados ao ouvido do solitário. O ímpio e o orgulhoso tremem diante de suas advertências, mas ao ferido e ao que sofre elas soam como uma voz maternal. O deserto e o lugar isolado se mostram felizes por ela e sua leitura tem iluminado milhares e milhares de corações.
Seus ensinos se entrelaçam em nossas afeições mais profundas e dão colorido aos nossos mais acariciados sonhos. Assim que amor e amizade, simpatia e devoção, recordação e esperança vestem os mantos de sua preciosa linguagem e se tornam para nós como a fragrância de incenso e mirra.
Acima do berço e ao lado da tumba suas palavras grandiosas nos surgem espontâneas. Elas revestem nossas orações de um poder maior do que conhecemos e sua beleza se detém aos nossos ouvidos longo tempo após haverem sido esquecidos os sermões que elas adornaram. Elas voltam a nós velozes e tranqüilas como pombas que voam à distância.
Elas nos surpreendem com novos significados, com fontes de água que surgem da montanha ao lado de uma antiga senda. Elas crescem cada vez mais preciosas à semelhança das pérolas abrigadas no coração.
Ninguém que possua este tesouro é pobre ou abandonado. Quando o vacilante peregrino avança para o chamado “vale da sombra da morte” não teme penetrá-lo. Ele toma o Bastão e o Cajado da Escritura em sua mão e diz ao amigo e companheiro: “Adeus, até nos encontrarmos novamente.” E confortado por aquele apoio segue o trilho solitário como quem caminha das trevas para a luz.
Pedro Apolinário, História do Texto Bíblico, Capítulo 2.
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