Como toda a ciência, a Crítica Textual Bíblica tem a sua nomenclatura própria, os seus termos técnicos, cujo conhecimento será muito útil para a boa compreensão da matéria.
A presente lista propiciará aos estudantes apreciável subsídio.
Antilegômena – o termo em grego significa contestado – e aplica-se a alguns livros da Bíblia, que no período da formação do cânon, foram mais difíceis de serem introduzidos, como Apocalipse 11 e III João, II Pedro, Hebreus, Tiago.
Aparato Crítico – Conjunto de sinais e termos técnicos que nos elucidarão sobre a validade das variantes do texto bíblico.
Apócrifo – Etimologicamente significa escondido, oculto. Literariamente o termo foi usado para livros que eram guardados do público por causa do seu conteúdo. Nome dado aos livros não inspirados, que aparecem nas Bíblias Católicas, mas que não fazem parte do Cânon Sagrado Hebraico. . .
Arquétipo – Modelo principal de certo tipo de texto. O Coridete é o arquétipo da Família Cesareense.
Autenticidade – Este termo designa o escrito digno de fé, de confiança, que não suscita nenhuma dúvida.
O Dicionário Internacional de Teologia do Novo Testamento, Vol. I, pág. 54, assim define autenticidade: “A distinção entre autêntico e inautêntico é empregada na crítica literária para distinguir as partes originais de uma passagem ou fonte de acréscimos posteriores, e na discussão sobre se um escrito deve ser atribuído ao autor cujo nome é associado com ela. Não dá a entender, necessariamente, um julgamento de valor, quanto à historicidade ou valor geral da obra em discussão.”
Autógrafo – É o escrito do próprio punho do escritor bíblico.
Canonicidade – Qualidade atribuída aos livros da Bíblia que estavam de acordo com os cânones, isto é, com as regras e princípios reconhecidos pela Igreja como divinos.
Códice – Nome dado ao livro antigo que substituiu o rolo. A palavra vem do latim codex – tronco de árvore, livro. A palavra era usada para as folhas de papiro ou pergaminho usadas para se escrever.
Colação – Comparação entre os manuscritos. Este confronto quase sempre foi feito com base no Textus Receptus.
Comma Joanina – Da expressão latina – comma johanneum – usada por autores católicos, significando o “inciso” ou “interpolação” relativa a João. Referência a I João 5: 7 e 8, ou às três testemunhas celestiais, cujas palavras não se encontram no original.
Diáspora – A dispersão dos judeus residentes na Palestina para as regiões da Assíria, Babilônia, Egito, Grécia, Itália e muitos outros lugares.
Diatessaron – Titulo dado por Taciano ao seu livro Harmonia dos Quatro Evangelhos. Trabalho concluído no ano 170.
Emenda – Correção feita no texto ou na margem para a melhoria dos manuscritos.
Epigrafia – Interpretação dos relatos escritos que têm sobrevivido do antigo passado.
Escólio – Observações explicativas colocadas ao lado do texto, para a melhor compreensão do leitor.
Evidências – Provas internas e externas, que nos levam a concluir qual a melhor entre algumas variantes de leitura.
Exegese – É á aplicação das regras e princípios estabelecidos pela hermenêutica.
Família – Denominação criada por técnicos da Crítica Textual, especialmente Farrar e Lake para designar manuscritos, que apresentam muita semelhança. São bem conhecidas as famílias 1 e 13 dos manuscritos minúsculos. Os eruditos da Crítica Textual classificaram todos os manuscritos existentes em quatro famílias: Alexandrina, Bizantina, Cesareense, Ocidental.
Frases latinas – Existem três frases latinas, muito citadas em Crítica Textual, cujo significado deve ser conhecido.
Dificilitor lectio potior – entre uma variante fácil e outra difícil, prefira-se a difícil.
Brevior lectio potior – prefira-se o texto mais breve ao mais longo.
Proclivi scriptioni praestat ardua – o texto mais difícil deve ser preferido ao mais fácil.
Glosa – Breve explicação de palavras ou frases difíceis.
Higiógrafo – Em grego, escrito sagrado. Uma das três divisões dos livros do Cânon Hebraico. Sendo as outras duas: o Pentateuco e os Profetas.
Hapax Legomenon – Expressão que de acordo com o grego significa – hapax – uma só vez e legomenon – particípio passivo do verbo lego – dizer. Significando portanto a designação para as palavras bíblicas empregadas apenas uma vez.
Haplografia – Erro do copista, que escrevia uma só vez o que devia ser repetido.
Hermenêutica – É a ciência que nos ensina os preceitos, as regras e os métodos para uma correta interpretação.
Schleiermacher assim definiu hermenêutica: “A doutrina da arte de compreender.”
Homoioteleuton – terminação igual de duas linhas, induzindo, por vezes o copista a pular da primeira para a segunda linha.
Integridade – Qualidade do livro de chegar até nós na forma em que foi escrito, isto é, sem perda de seu conteúdo por acréscimo, omissão ou troca.
Ítala – Para alguns é a mais notável das antigas versões latinas, para outros é o nome dado ao conjunto destas versões.
Kerigma – Vocábulo grego muito usado nos primeiros séculos cristãos para a proclamação do evangelho de Cristo.
Lecionário – Manuscrito contendo partes do Novo Testamento, destinadas à leitura nos serviços de adoração.
Midrasch – Comentário homilético do texto sagrado seguindo mais ou menos versículo por versículo. Este trabalho visava a edificação da comunidade e seu maior apego aos livros da Bíblia.
Mishná – do hebraico shaná – repetição, Termo usado para designar as leis judaicas transmitidas oralmente, para distinguir de Micrá, as leis transmitidas através de documentos.
Nomina Sacra – Designação atribuída aos nomes sagrados, como Deus, Salvador, Cristo, Jesus, Senhor, Espírito Santo. Estes nomes eram abreviados ou contraídos pelos copistas.
Paleografia – Arte de decifrar escritos antigos e classificar a idade dos manuscritos. Ciência que tem como objetivo o estudo da escrita antiga em qualquer espécie de material.
Palimpsesto – Nome formado de duas palavras gregas – palin = de novo e psesto = raspado. Manuscrito raspado da primitiva escrita, para poder receber uma nova escrita.
Patrística – Conjunto das obras dos Pais da Igreja.
Perícope – Seção ou parágrafo de um livro sagrado.
Prolegômenos – Introdução geral de uma obra científica, artística ou religiosa. Prefácio longo.
Querê e Kethibi – Querê: Designação dada pelos massoretas à forma correta que devia estar no texto, mas foi trocada por outra errada pelos copistas. Significa o que deve ser lido. A palavra correta era colocada na margem. Kethibi: o escrito. Nome dado à palavra errada do texto.
Recensão – Comparação de uma edição de autor antigo com os manuscritos, visando descobrir o texto de uma edição com o respectivo manuscrito.
Septuaginta – Tradução do Velho Testamento para o grego, feita em Alexandria no século III AC por um grupo de setenta judeus.
Talmude – Livro dos judeus, contendo interpretação bíblica, comentários, conselhos, etc. Compilado desde o tempo de Esdras, V século AC até o VI século da Era Cristã. Em hebraico a palavra significa estudo, ensino. A exemplo da palavra Bíblia deve ser sempre escrito com inicial maiúscula.
Targum – Tradução ou paráfrase de partes do Velho Testamento em aramaico para os judeus da Palestina que não mais entendiam o hebraico.
Aurélio define targum assim: Conjunto de traduções e comentários de textos bíblicos que falam do século VI A.C.
Testemunha – Conjunto dos manuscritos, versões e citações patrísticas que sancionam determinada variante.
Textus Receptus – Expressão latina proveniente de uma frase da edição do Novo Testamento (1633) dos irmãos Boaventura e Abraão Elzevir.
A base do Textus Receptus foi o grego do Novo Testamento de Erasmo, em que se basearam as traduções em alemão e inglês, inclusive a KJV (1611). Por ser um texto bizantino, baseado em pequeno número de manuscritos, a Crítica Textual achou melhor substituí-lo por textos melhores como o de Westcott e Hort.
A frase latina significa em português texto recebido.
Tipo – Nome dado ao modelo de determinado texto do novo testamento, que apresenta caracteres afins com outros manuscritos. Os quatro tipos de texto são: alexandrino, bizantino, cesareense e ocidental.
Variante – Modo diferente da mesma passagem se apresentar nos manuscritos.
Versão Autorizada – Nome da versão inglesa da Bíblia (1611), preparada por uma douta comissão, autorizada pelo rei Tiago da Inglaterra.
Veteres Latinae ou Velhas Latinas – Nome dado às traduções latinas feitas antes da Vulgata.
Vulgata – Palavra proveniente do latim “vulgare” – fazer conhecido, publicar. Nome dado à versão latina da Bíblia, preparada por Jerônimo a pedido do Papa Dâmaso (383 d.C.). A Vulgata paulatinamente substituiu as outras versões latinas usadas na igreja primitiva, tais como a Antiga Latina (Vetus Latina). No Concílio de Trento (1546) recebeu autoridade canônica na Igreja Católica Romana.
Pedro Apolinário, História do Texto Bíblico, Capítulo 4.
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