O apóstolo Paulo fala sobre a natureza carnal, a natureza pecaminosa. Alguém poderia levantar a seguinte pergunta: Então, isso quer dizer que nós temos DUAS NATUREZAS? Temos nós a natureza carnal e a natureza espiritual? Muitas pessoas crêem e porque alguns pregadores têm ensinado do púlpito que, quando nós somos batizados, nós recebemos uma nova natureza, que nos é implantada. Mas Paulo mostra que isso é impossível. Nós não temos duas naturezas.
O que é que nós temos, então? Nós temos dois princípios, ou duas tendências, numa só natureza. Notamos isso no capítulo 7: 22 e 23: “Porque no tocante ao homem interior (a mente) tenho prazer na lei de Deus; mas vejo, nos meus membros, outra lei que, guerreando contra a lei da minha mente, me faz prisioneiro da lei do pecado que está nos meus membros.”
Há um princípio na mente gravado pelo Espírito Santo. Este princípio é o princípio da lei de Deus. É o Espírito Santo que atua na mente e nós passamos a ter prazer na lei de Deus. Mas há um outro princípio nos nossos membros, há uma outra lei, há uma tendência na mesma natureza: esta é a tendência pecaminosa. E estas duas tendências – tendência espiritual e tendência carnal – estão em conflito, estão em guerra. O princípio do pecado e o princípio da lei de Deus, estes dois princípios estão em conflito.
Mas com quem acontece este conflito? Vimos que Rom. 7 se refere ao homem que foi convicto pela lei. Mas no capítulo 8, nós vemos que o cristão também tem este conflito, o homem regenerado também trava esta batalha. E todos nós sabemos disso por experiência. O homem convicto da lei e do pecado, mas que não tem a Cristo, ele tenta vencer, mas sempre fracassa (Rom. 7); o homem cristão, ele luta e se apega a Cristo como o seu Salvador e se torna um vencedor (Rom. 8).
Às vezes, ocasionalmente, o cristão peca porque, naquele momento, ele não entregou a sua vontade integralmente a Deus, ele foi distraído por alguma atração mundana. Mas quando o cristão peca – esta é uma outra grande questão – será que ele deixa de ser justificado? Será que naquele momento, ele volta à estaca zero? Será que toda a sua experiência cristã acaba quando ele comete um pecado? Será que ele deixa de ser um filho de Deus? Não, ele apenas necessita de perdão.
Há uma diferença palpável entre Justificação e perdão. Na Justificação, ele é colocado no caminho de Deus, no reino de Deus, ele é transplantado do reino das trevas para o reino da luz, e isso aconteceu já no passado quando ele aceitou a Cristo, e acontece uma vez só. Mas o perdão, ele necessita todos os dias, a todo momento, e isso é uma indicação da sua dependência contínua de Deus para ser o homem vitorioso.
Temos nós duas naturezas? O apóstolo Paulo diz que isso é impossível. “Agora, porém, libertados do pecado, transformados em servos de Deus”. (Rom. 6:22). De que somos constituídos? Temos uma só natureza, e esta natureza é transformada. Portanto, a boa nova é de transformação e não de implantação de uma nova natureza. E o apóstolo no cap. 12, versículo 2 nos ensina de que modo somos transformados: “Transformai-vos pela renovação da vossa mente”.
Quando a nossa mente é transformada pela Palavra de Deus, então, toda a natureza é subjugada e transformada paulatinamente. Portanto, a nossa mente que antes era carnal, agora é renovada pelo Espírito Santo, a vida espiritual que estava morta é ressuscitada, nós somos renovados para a vida espiritual; e então nos tornamos filhos de Deus.
Mas eu estou ansioso para apresentar o capítulo 8, mesmo que em forma resumida – O homem que é fraco, mas vence a batalha. O capítulo 7 não é um quadro do cristão em desespero; pois à luz do capítulo 8, o cristão é exatamente o contrário daquilo que acontece no capítulo 7. A declaração que ele faz (7:24): “Desventurado homem que sou!” não corresponde ao cristão que diz: “Bem-aventurado o homem que teme ao Senhor” (Sal. 112:12); “Bem-aventurado o homem que (. . .) não se detém no caminho dos pecadores” (Sal. 1:1). Ele diz: “Bem-aventurado”; ele não diz: “Desgraçado que sou! Não tenho salvação, não sei onde consegui-la”. Não, pelo contrário.
Conheci um pastor bem intencionado, mas teologicamente mal orientado que cumprimentava os seus membros dizendo: “Bom dia, amigo e irmão desgraçado!” “Até logo, seu desgraçado!” Então, ele justificava a sua atitude com as palavras Rom. 7:24, chamando a todos os seus membros de desgraçados. Veja a que ponto pode chegar uma falsa interpretação das Escrituras. O capítulo 7 e 8 são exatamente o oposto e o cristão não pode ter duas experiências contrárias ao mesmo tempo. Um deles está apenas convencido; o outro está convertido. Um está preso; o outro está liberto. Os cristãos não são desgraçados; eles são bem-aventurados.
Mas, passemos então ao capítulo 8:1: “Agora, pois, já nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus.” “Agora, pois”. A palavra “pois” é uma conexão com o capítulo 5. Ele continua este grande e magno assunto – a Segurança da Salvação – assunto que foi interrompido nos cap. 6 e 7, para responder a duas objeções, sobre a graça, primeiramente, e depois sobre a lei.
Ele agora afirma a sua proposição segundo o seu costume, segundo o seu método. A proposição é lançada para retomar o pensamento anterior do capítulo 5. “Agora, pois, já nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus.” E ele passa, então, a provar aquilo que está dizendo, apresentando SETE ARGUMENTOS para provar a sua tese de que não há condenação, mas segurança de salvação. Esta é a sua proposição nesse grande clímax: “Não há condenação para os que estão em Cristo!” ou, colocado em forma positiva: “Há segurança de salvação em Cristo Jesus!”
Certa vez um protestante perguntou a um jovem adventista: “Você tem certeza da salvação?” Ele disse: “Bem, eu estou tentando, eu estou me esforçando; e se algum dia, Deus achar que eu tenho merecimento, eu vou me salvar, eu vou entrar no Céu.” Disse o protestante: “Mas como? Vocês guardam o sábado, devolvem o dízimo, evitam os lugares mundanos; vocês praticam assistência social, tem escolas, universidades, assistem à igreja, lêem a Bíblia, fazem oração, e ainda não têm certeza de salvação?” Há três erros aqui: 1º erro: Não ter certeza; 2º erro: Julgar que isso poderia ser pelas obras; 3º erro: Jactância do interlocutor.
Mas o apóstolo Paulo nos dá a segurança de que nós podemos ter certeza. Portanto, vamos considerar os Sete Grandes Argumentos da Segurança da Salvação. Ao apresentá-los, ele reúne todos os temas apresentados desde o início da epístola aos Romanos e ajunta-os num grande clímax. Portanto, não se admire, se você encontrar os mesmos assuntos, mas agora colocados em palavras extraordinárias e tão impressionantes, que este se tornou famoso como um dos mais belos capítulos da própria Bíblia.
1) Primeiro argumento: A SALVAÇÃO É CERTA, PORQUE TEMOS O PODER DO ESPÍRITO
Lendo o versículo 2, temos esta declaração, o 1º argumento: “Porque a lei do Espírito da vida em Cristo Jesus te livrou da lei do pecado e da morte.” O que significam estas palavras? Quais são estas duas leis? A lei do Espírito é o princípio através do qual o Espírito de Cristo nos liberta. Aqui temos o poder libertador do Espírito Santo habitando na vida do cristão, a fim de capacitá-lo com poder e libertação. Ele é chamado de “Espírito de vida” porque Ele tem vida em Si mesmo e é também o Criador da vida, juntamente com Cristo. A salvação é garantida, não só pela libertação de Cristo na Cruz, mas também porque o Espírito nos liberta.
Mas qual é a libertação do Espírito Santo? Ele nos liberta da lei do pecado e da morte. O que significa esta “lei do pecado e da morte”? Alguns dizem que é a lei de Deus, a lei dos Dez mandamentos, porque é a lei que está relacionada ao pecado, porque “o pecado é a transgressão da lei”, e porque ela condena ao pecado e gera a morte. E ainda se argumenta que Paulo está falando de justificação, e não de santificação. Entretanto, segundo o contexto do capítulo anterior, Paulo ainda tem em mente as últimas palavras de 7:25: “Com a mente, sou escravo da lei de Deus; mas segundo a carne, da lei do pecado.” Paulo aqui faz um nítida distinção entre a lei de Deus e a lei do pecado; uma está na sua mente; a outra está na sua carne, ou nos seus membros (7:23). Em outras palavras, ele se refere à lei ou princípio da corrupção, ou tendência pecaminosa, ou “pendor da carne” que “dá para a morte” (8:6).
Embora Paulo use a palavra “porque”, ele não está dando uma razão, mas uma prova da justificação. Ele não está dizendo: “Você foi justificado porque você foi santificado!” Não, porque você foi justificado por causa da sua fé na Cruz de Cristo. Em verdade, ele está dizendo: “Não há mais condenação, você está justificado, “porque” agora você tem o Espírito Santo que opera a santificação, e serve de uma prova a mais para a segurança da salvação.” De fato, sem justificação, não há santificação; mas a prova de que alguém foi justificado é “porque” ele foi santificado. A diferença é muito sutil, mas verdadeira.
A prova da Justificação é a Santificação. Um homem pode dizer que está justificado; mas como podemos saber se isto é verdade? Pela santificação operada pelo Espírito Santo. Foi o que Tiago enfatizou: Como você pode saber se a minha fé é verdadeira? Pelas obras. “Mostra-me essa tua fé sem as obras, e eu, com as obras, te mostrarei a minha fé.” (Tia. 2:18).
Você já está justificado? Como você pode saber? Isso acontece pela fé. Você crê em Cristo e Deus o justifica. Mas o que acontece na sua vida, logo após a justificação e o perdão? Se a Cruz de Cristo o libertou da condenação judicial, agora, o Espírito Se revela experimentalmente, porque é Ele que o livra da “lei do pecado e da morte” que é a tendência da carne pecaminosa. Paulo confirma isso dizendo logo a seguir que o Espírito o livra do “pendor (inclinação, tendência) da carne” (8:6). Esta é a “lei do pecado e da morte” (7:25;8:2), da qual somos livres, e portanto, santificados, dia a dia.
Separamos justificação de santificação, didaticamente; mas estas realidades se encontram tão estreitamente ligadas que é impossível separá-las na vida do cristão: o judicial se revela imediatamente no experimental. No exato momento em que o homem aceita a Cristo, ele se torna um cristão, e o Espírito Santo passa a operar na sua vida imediatamente. A justificação é seguida pela santificação.
A prova de que você foi justificado está no fato de que você foi igualmente santificado, separado, e liberto não só da pena do pecado, mas do seu poder. Você recebeu não só a justiça imputada na Justificação, mas também a justiça comunicada na Santificação. Então, o Espírito Santo Se manifesta para a libertação experimental, dando-nos poder para vencermos a tendência carnal. E isso nos dá segurança de salvação, porque é uma prova de que fomos aceitos por Deus.
De que modo isso foi feito? Por que podemos afirmar esta realidade? Versículo 3: “Porquanto” – ele dá agora uma razão, recapitulando e repetindo – “o que fora impossível à lei, no que estava enferma pela carne, isso fez Deus enviando o seu próprio Filho em semelhança de carne pecaminosa e no tocante ao pecado; e, com efeito, condenou Deus, na carne, o pecado.”
Você compreende estas palavras? Estas são palavras difíceis; mas podem ser compreendidas. Ele está repetindo tudo que disse no capítulo 7. É impossível a lei santificar, é impossível a lei justificar. A lei porque estava “enferma” ou seja, impossibilitada “pela carne”, era impossível que a lei nos ajudasse, nos salvasse, nos justificasse, nos santificasse, e muito menos, nos glorificasse.
Mas isso que era impossível à lei, Deus tornou possível; de que maneira? Enviando a Jesus Cristo “em semelhança de carne pecaminosa”. Jesus Cristo foi enviado, assumiu a natureza humana, a fim de que pudesse morrer por nós, e em nosso lugar.
Mas há uma expressão difícil aqui. Diz ele: “e no tocante ao pecado”. A outra versão (RC) diz: “pelo pecado condenou” Deus “o pecado na carne”. Mas como? Parece confuso. O que significa isso: Deus “pelo pecado condenou o pecado”? Isso é um problema de tradução. A minha tradução (RA) diz: “no tocante ao pecado”. É uma maneira de traduzir um pouco melhor, mas ainda não pode satisfazer o nosso desejo de compreensão.
Examinando o texto grego, vemos que esta expressão “pelo pecado” é um termo da Septuaginta, que era o Antigo Testamento traduzido do hebraico para o grego, a versão que o apóstolo Paulo usava; daí, ele retirou esta expressão que ele repete em muitos lugares nas suas epístolas, especialmente em Hebreus, como em Hebreus 10, onde ele repete esta expressão “pelo pecado” que significa “a oferta pelo pecado”. Este era um hebraísmo já conhecido entre os eruditos judeus. Então agora as coisas se esclarecem.
Isso significa que Deus enviou a Jesus Cristo “como oferta pelo pecado” (versões LBLA, e NBLH), e por causa disso, Deus condenou os nossos pecados em Cristo – a ira de Deus caiu sobre Ele na Cruz do Calvário – para que fosse possível. O que é que foi possível? Qual o objetivo de todo esse sacrifício?
Versículo 4: “a fim de que o preceito da lei se cumprisse em nós, que não andamos segundo a carne, mas segundo o Espírito.” Qual o objetivo de tudo isso? A fim de que o homem pudesse praticar a “justiça da lei”. Em outras palavras, Jesus Cristo morreu na Cruz, a fim de que o homem fosse salvo da penalidade da lei, e, logo a seguir, pudesse ver cumprida a justiça da mesma lei em sua própria vida, de tal modo que se antes ele andava segundo a carne, agora ele anda segundo o Espírito Santo.
Paulo está ampliando o que ele disse no v. 2. Desse modo, o v. 3 fala de Justificação pela morte de Cristo e o v. 4 fala de Santificação como um resultado da justificação alcançada pela morte do Salvador. Elas estão intimamente tão relacionadas que uma não pode existir sem a outra. Com efeito, não pode haver justificação sem santificação; e se não há santificação, tampouco aconteceu a justificação.
Portanto, não há mais condenação, porque nós fomos libertos das tendências pecaminosas pelo poder do Espírito Santo para não mais andarmos segundo as paixões pecaminosas da carne. E como um outro resultado, temos vida espiritual: “Porque o pendor da carne dá para a morte, mas o do Espírito, para a vida”. (8:6).
Não há mais condenação, a salvação é segura. Certa vez os fariseus, homens arrogantes, encapsulados dentro de sua própria vaidade religiosa, cheios de justiça própria, eles encontraram uma desgraçada mulher em flagrante adultério. E eles, então, levaram aquela mulher para Jesus. Arrastaram-na atropeladamente diante da presença de Cristo. E ali estava uma mulher humilhada, tiranizada, coberta do opróbrio, a imagem vívida do desespero.
E eles, arrogantes, apresentaram diante de Jesus um dilema, apresentando a seguinte questão: “Esta mulher foi encontrada em flagrante adultério e a legislação ordena o apedrejamento sumário. Tu, Senhor, o que dizes?” (João 8:4,5). A narrativa nos conta que Jesus Se encurvou sobre o solo arenoso para escrever os pecados que iam no coração daqueles homens. E quando viram que os seus pecados eram ali radiografados, condenados saíram.
Mas – eu imagino – Jesus Cristo disse: “Quem estiver sem pecado, atire a primeira pedra!”; posso imaginar aquela mulher que se encurvou, tremeu, o coração pulsou descompassadamente, esperando uma saraivada de pedras. Passaram-se os segundos, passaram-se os minutos, e ela ousou levantar a cabeça para ver os seus acusadores. Então, Jesus lhe disse: “Mulher, onde estão aqueles teus acusadores? Ninguém te condenou? (…) Nem Eu tampouco (…) Vai e não peques mais.” Justiça imputada: “Eu não te condeno!”, e justiça comunicada: “Vai, e não peques mais”.
2) Segundo argumento: A SALVAÇÃO É CERTA E SEGURA, PORQUE SOMOS FILHOS DE DEUS.
Versículo 14: “Pois todos os que são guiados pelo Espírito de Deus são filhos de Deus.” E agora não temos mais aquele espírito de escravidão. Segundo Paulo, nós estávamos atemorizados, escravizados pelo pecado e atemorizados. Agora nós temos a adoção de filhos, agora nós clamamos: “Aba, Pai” (v. 15) com o coração cheio da alegria da salvação.
E agora um pequeno parênteses para dizer que o apóstolo Paulo no cap. 8 apresenta o seu grande clímax. Eu disse que quando ele escreve, ele faz como numa grande sinfonia musical em que muitos temas são lançados no início, depois ele desenvolve esses temas e então ele reúne a tudo e os apresenta num grande clímax. E o capítulo 8 é o grande clímax da certeza e segurança da salvação; e ele agora está apresentando o clímax. E ele diz que você é um filho de Deus; você não é mais escravo, você foi libertado, porque agora você é um filho de Deus, um filho do Rei do universo.
Cristo é o Filho legítimo de Deus, e, portanto, Ele possui a natureza divina; mas nós somos filhos adotados na família celestial. Mas, filhos adotivos têm um grande significado, porque eles foram escolhidos dentre outros filhos que não foram escolhidos. Ele nos escolheu dentre outros filhos que andam na carne. Mas nós somos guiados pelo próprio Espírito Santo (v.14), o qual “testifica com o nosso espírito que somos filhos de Deus” (v. 16). Esta é a segurança da salvação. A convicção do Espírito de que somos filhos de Deus assegura a nossa certeza.
O problema dos cristãos quando pecam – e todos somos pecadores – é que os cristãos estão esquecidos do seu novo “status”. Qual é o “status”? O “status” de filho de Deus. Mas o cristão quando peca disse o apóstolo Pedro (2Ped. 1:9), ele está esquecido da libertação dos seus pecados. Não mais é um escravo, agora é um filho.
Há diferença, notou? Disse Cristo: “O escravo não fica sempre na casa; o filho, sim, para sempre. Se, pois, o Filho vos libertar, verdadeiramente sereis livres.” (João 8:35, 36). Filhos de Deus, e se somos filhos, também somos herdeiros, “herdeiros de Deus e co-herdeiros com Cristo” (v. 17), herdeiros das mansões eternas. Por que deveríamos duvidar de nossa salvação? Nossa filiação com Deus é uma garantia de que isto é um fato incontestável.
3) Terceiro argumento: A SALVAÇÃO É SEGURA, PORQUE TEMOS A ESPERANÇA DA GLÓRIA
Verso 18: “Porque para mim tenho por certo que os sofrimentos do tempo presente não podem ser comparados com a glória a ser revelada em nós.” Paulo tira este argumento do anterior. Ele já dissera no v. 17: “se somos filhos, … seremos glorificados.” Agora, ele amplia esse pensamento, apresentando a grande esperança dos cristãos. Os ímpios não têm certeza, porque não tem esperança. Paulo disse no cap. 5:2, que nós nos gloriamos na esperança da glória de Deus, ou seja, queremos ver a Deus em Sua glória. Mas agora, ele amplia essa ideia, e declara a grande esperança cristã de sermos nós mesmos glorificados.
A própria criação, diz Paulo, está expectante, aguardando “a revelação dos filhos de Deus”, porque a própria criação tem a esperança de ser “redimida do cativeiro da corrupção” (21). No presente, a criação sofre, “geme e suporta angústias até agora”. Paulo já antecipara o sofrimento dos filhos de Deus (v. 17), mas então, ele declara que juntamente com a criação, nós gememos também, “em nosso íntimo”. Esta é a realidade de cada cristão: todos temos uma natureza pecaminosa, e, embora tenhamos as primícias do Espírito” (v. 23), temos os frutos do Espírito (Gál. 5:22-23), temos o poder libertador do Espírito Santo, sentimos as insinuações do pecado em nossa carne.
E, como um resultado, temos de enfrentar um grande embate, um conflito interior porque há duas tendências, há dois princípios lutando dentro de nós, num conflito angustiante, num processo de toda a nossa vida aqui nesse mundo. Entretanto, esta angústia e este sofrimento faz-nos ainda mais ansiosos e mais expectantes, “aguardando a adoção de filhos, a redenção do nosso corpo”, a transformação do que é mortal, para experimentar a imortalidade e santidade pelos séculos infindos.
Nós ainda estamos em um mundo de sofrimento e de muita dor. Pode ser que você mesmo esteja passando por uma fase difícil em sua vida agora. Pode ser que você esteja afligido por tantas lutas e angústias. Pode ser que você esteja lutando com um pecado que o persegue, em muitas tentações. Você se sente assediado, tenazmente, pelo pecado? Sente que você é fraco? Mas você não deve desanimar, porque a mensagem de Paulo é de que somos de fato fracos, mas podemos ser vencedores. Há uma grande esperança de glória à nossa frente. E a grande consolação do apóstolo é de que não há comparação: o eterno peso da glória é infinitamente maior do que sequer podemos imaginar, para que fiquemos abatidos com sofrimentos do tempo presente (v.18).
4) Quarto argumento: A SALVAÇÃO É SEGURA, PORQUE O ESPÍRITO INTERCEDE POR NÓS
Veja aqui o verso 26: “Também o Espírito Santo, semelhantemente, nos assiste em nossa fraqueza; porque não sabemos orar como convém, mas o mesmo Espírito intercede por nós sobremaneira, com gemidos inexprimíveis.”
O Espírito Santo intercede por nós. Observe que no início do processo da salvação o Espírito Santo nos convencia de que éramos pecadores. Disse Cristo que o Espírito da verdade “convencerá o mundo do pecado, da justiça e do juízo” (João 16:8). Mas este Espírito que antes nos condenava, mostrava o nosso pecado, dizia que nós estávamos perdidos, que nós iríamos para o inferno se nós continuássemos assim nessa situação de perdidos, este mesmo Espírito agora intercede por nós. Espírito de amor que fez este trabalho num processo para alcançar-nos, para salvar-nos, este Espírito que tem amor por nós.
Muitas vezes fico pensando quando alguns cristãos começam a pensar sobre o Espírito Santo, já ficam um pouco sem jeito, às vezes ficam um pouco preocupados porque Ele está relacionado com o pecado imperdoável, e então, dizem: “Será que eu já cometi este pecado contra o Espírito Santo?” Mas enquanto você tiver no seu coração o desejo de alcançar o Céu, se salvar, o Espírito Santo ainda está atuando no seu coração.
Mas você não deve temer o Espírito, porque Ele é uma das razões fundamentais através de Quem nós temos a certeza de salvação. O Espírito intercede por nós. Ele sabe, conhece a nossa fraqueza, sabe que às vezes em muitos aspectos nós falhamos, mas Ele Se achega a Deus e apresenta-nos diante de dEle, intercedendo por nós, e nos defende diante do Pai.
Não somos deixados a sós. Temos lutas, tentações, provas, privações, pecado, tentações; o ES Se aproxima de nós, traz o amor de Deus, derrama o amor de Deus sobre nós. Ele nos vivifica, Ele nos anima, Ele nos fortalece, dando-nos o amor, a alegria da salvação.
O apóstolo Paulo agora chega a um dos grandes, magnos argumentos pelo qual você pode ter a certeza da salvação. Sabe qual é?
5) Quinto argumento. A SALVAÇÃO É SEGURA PORQUE DEUS NOS PREDESTINOU
Versículo 28: “Sabemos” – isso é certo e seguro, nós sabemos, não estamos na ignorância – “Sabemos que todas as coisas cooperam para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados segundo o seu propósito.” V. 30: “E aos que predestinou, a esses também chamou.”
É a predestinação. Ele tem o propósito de nos salvar. Será que falhará o Seu propósito? Pelo Seu propósito de nos salvar, Ele nos chamou, e então nos predestinou para a salvação.
O que significa realmente a PREDESTINAÇÃO BÍBLICA?
Muitas pessoas ensinam, especialmente os calvinistas, que há uma predestinação absoluta: Deus toma certas pessoas para a perdição e toma outras pessoas para a salvação, de modo que se você estiver naquele grupo de perdidos, você não pode se salvar mesmo que queira vir aqui à igreja, mesmo que se esforce por guardar a lei de Deus, mesmo que você guarde o sábado, entregue os dízimos, você aceite a Jesus como seu Salvador – não importa – fatalmente você vai se perder. Enquanto que no outro grupo de pessoas predestinadas, se ele está predestinado para a salvação, não importa se ele é um grande pecador, e se ele continua nisso – não importa – finalmente Deus vai salvá-lo. Isto está completamente equivocado. A Bíblia não ensina a predestinação absoluta.
O que é que a Bíblia ensina? Eu disse que o apóstolo Paulo já tratou desse tema, e estamos apenas recapitulando. E qual é o ponto que ele menciona? Ele disse o seguinte: só há duas classes de pessoas neste mundo – uma classe de pessoas que estão “em Adão” e outra classe de pessoas que está “em Cristo”. Quando nós estamos “unidos a Adão”, nós estamos correndo para a perdição; mas quando nós, no meio do caminho, nos voltamos e nos “unimos a Jesus Cristo”, agora nós estamos predestinados para a salvação.
Por isso é certo, é segura a salvação porque Deus nos predestinou em Cristo, em Cristo nos escolheu, em Cristo nos justificou, em Cristo nos santifica; finalmente, em Cristo nos glorificará. E há um aspecto que o versículo 30 nos apresenta em que Ele já nos glorificou. Portanto, o ensino de Paulo é de que todos os homens que estão “em Cristo” são predestinados para a salvação. Ninguém é predestinado para a perdição. Se alguém se perder, isto será porque decidiu permanecer no seu estado de pecado e perdição, por livre e espontânea escolha.
6) Sexto argumento: A SALVAÇÃO É SEGURA, É CERTA PORQUE DEUS ARRISCOU TUDO POR NÓS
Versículos 32-34: “Aquele que não poupou o seu próprio filho, antes, por todos nós o entregou, porventura, não nos dará graciosamente com ele todas as coisas? Quem intentará acusação contra os eleitos de Deus? É Deus quem os justifica. Quem os condenará: É Cristo Jesus quem morreu ou, antes, quem ressuscitou, o qual está à destra de Deus e também intercede por nós.”
Deus já arriscou tudo por nós. Este é um dos maiores argumentos. E sempre o maior argumento está em torno da cruz. O maior argumento se fundamenta, se baseia no fato de que Deus enviou a Jesus Cristo para morrer por nós.
Portanto, quando você está sendo acusado pela consciência, tiranizado pelo remorso, olhe para a Cruz. Esta é a garantia absoluta de que Ele levará ao fim todas as coisas que Ele já começou. É inconcebível que este Deus que é Eterno, é Imutável, é Todo-Poderoso, é inconcebível que este Deus devesse entregar o Seu próprio filho para a morte, e então permitir que alguma coisa abalasse os fundamentos da salvação. Não só temos o caráter, a palavra e o plano de Deus – temos também a Cruz.
Se Jesus já foi entregue por nós, e se isso foi a coisa mais difícil, e se isso provocou um grande sofrimento para Deus, se como sabemos Ele relutou ao entregar o Seu Único Filho para morrer por nós, se isto, de fato, foi a coisa mais penosa para o nosso grande Deus – a dádiva de Seu próprio Filho – como conseqüentemente, Ele não nos dará graciosamente as coisas que lhe são milhões de vezes mais fáceis? Porque daqui, o que parte da Cruz, é tudo mais fácil, é tudo garantido, é tudo certo, é tudo absoluto.
7) Sétimo argumento: A SALVAÇÃO É CERTA POR CAUSA DO AMOR INALIENÁVEL DE DEUS
O amor de Deus que está em Cristo é exorbitado, infinito e inalienável. Vs. 35 e 37. Aqui está o argumento: “Quem nos separará do amor de Cristo? Será tribulação, ou angústia, ou perseguição, ou fome, ou nudez, ou perigo, ou espada? …Em todas estas coisas, porém, somos mais que vencedores, por meio dAquele que nos amou.”
Aqui está o homem que é fraco. O versículo 26 disse que nós temos tanta fraqueza que nem sabemos orar como convém. Nós somos fracos – somos fracos em oração, somos fracos em conhecimento, somos fracos em poder, somos fracos em muitos aspectos especialmente na nossa natureza pecaminosa. Mas embora fracos, aqui está o homem que é fraco, mas é mais do que vitorioso, é mais do que vencedor.
A palavra vitória é uma palavra pequena para descrever aquilo que acontece com os cristãos, genuinamente cristãos, aqueles que são justificados e têm o Espírito Santo. Não existe no universo infinito uma só circunstância invencível, uma só situação que não possamos vencer em Cristo Jesus.
Por quê? O que ele diz? Nada poderá nos separar do amor de Deus, ninguém nos poderá separar do amor de Deus, nenhuma situação, porque somos mais do que vencedores através de Jesus Cristo, quem nos amou. É a máxima garantia. Não só a grandeza, a sabedoria, a onipotência, a imutabilidade de Deus; temos também o Seu amor através do qual podemos vencer todas as circunstâncias do Universo. Temos o amor de Deus: um amor incomparável, exorbitado, eterno e inalienável.
Pense nas piores coisas que houver nessa existência de pecado. Pense na pior coisa que pode haver: a morte. Não há nenhuma circunstância que nos separe do amor de Deus. Versículo 38: “Porque eu estou bem certo” – aqui é o grande clímax: Por que a nossa salvação está garantida? Por que podemos nos gloriar na segurança da salvação? Paulo está para dizer agora o máximo de tudo o que ele já disse até aqui: Vs. 38 e 39: “Porque eu estou bem certo – isso é seguro, isso é infalível – de que nem a morte, nem a vida, nem os anjos, nem os principados, nem as coisas do presente, nem do porvir, nem os poderes, nem a altura, nem a profundidade, nem qualquer outra criatura poderá separar-nos do amor de Deus, que está em Cristo Jesus, nosso Senhor.”
Depois da Segunda Guerra Mundial uma jovem professora adventista foi para a Europa a fim de lecionar para um número de 40 meninos. Eram meninos, crianças cheias de vida, de muita energia, que davam muito trabalho para a professora e causavam muita desordem. Mas ela notou que havia um menino na sua classe que era diferente, bem diferente.
Ah, ele gostava de brincar. Ele era um menino também alegre e cheio de vida. Mas quando havia lá uma briga, ele não estava nela, apenas como pacificador. E quando a professora precisava de alguém para limpar a sala, ele dizia: “– Professora, eu posso ajudar?” E quando ela dava as tarefas, ele era o primeiro a entregá-las, não porque ele era o mais inteligente, mas por causa de sua boa vontade extraordinária.
E um dia, ela chamou o seu aluno favorito, chamado Joãozinho. Disse: “– Joãozinho, você pode ficar até o final da aula? Preciso falar com você.” “– Pois não, professora” – ele disse. Então, quando terminou a aula, ele se apresentou e disse: “– O que é professora? Eu estou às suas ordens.”
E a professora disse: “– Joãozinho, eu tenho notado que você é diferente dos outros meninos que aqui estão. E eu tenho pensado que você tem um pai e uma mãe maravilhosos que ensinam tantas coisas boas para você ser assim um menino tão especial. E eu tenho o desejo no meu coração de conhecer a sua mamãe. Você me leva para a sua casa para conhecer a sua mamãe?”
Ela notou que o menino ficou um pouco perturbado, um pouco sentido com essas palavras. E ele ficou cabisbaixo, em silêncio. E ela ficou um pouco preocupada. “– Será que ele é muito pobre, e ele está agora envergonhado de que eu vá para ver os seus pais?” Então ela continuou o assunto e disse: “– Joãozinho, se eu não posso ir até a sua casa, quem sabe você traz a sua mãe para cá?”
E então ela notou uma lágrima correndo dos seus olhos pelo rosto, na sua face. Mas ela continuou o assunto, e disse: “– Joãozinho, desculpe-me. Se a sua mãe não pode vir, quem sabe ela está doente. Traga o seu pai, eu gostaria de conhecer o seu pai.” O menino agora chorando copiosamente, disse: “– Professora, eu sinto muito. Mas eu não posso trazer nem o meu pai e nem a minha mãe, porque ambos morreram; por isso que eu não posso trazê-los.”
A professora sentiu por ter entrado no assunto, mas como já havia tocado nele, animou o menino a contar a sua história. E ele disse com lágrimas, continuou contando que ele morava em um palácio. Morava num palácio porque era filho de um pai que era um rei. Mas um dia a guerra com todas as coisas horríveis que traz, também entrou no seu pequeno país. E lá os soldados estrangeiros entraram no palácio e aprisionaram o seu papai e a sua mamãe.
Ele viu quando os soldados o mandaram marchar para a entrada. Viu os soldados apontando suas armas para o papai e para a sua mamãe. E ele correu atrás, sem saber o que fazer, sem saber o que ia acontecer. Eles andaram certa distância quando o seu pai falou uma coisa com o capitão, o comandante daquele batalhão; e então o seu pai, ele o ouviu dizer: “– Capitão, eu sei o que vai acontecer comigo, mas eu gostaria de despedir-me do meu filho. Deixe-me despedir-me do meu filho. Me dá apenas cinco minutos.” E o capitão, mesmo que fosse um homem tão grosseiro, tão duro pelo rigor da guerra, então permitiu esses cinco minutos.
“– Então, disse Joãozinho, minha mãe quando ouviu a permissão do capitão, veio correndo e chorando e me abraçou. E daí, professora, o meu pai chegou, se colocou diante de mim na posição de sentido. E eu me coloquei na posição de sentido, como ele me ensinara. E ele fez continência para mim e eu continência para ele. E então, ele se ajoelhou diante de mim e disse: “– Joãozinho, nós sabemos o que vai acontecer conosco, comigo e com a sua mãe. Mas possivelmente eles não terão algum interesse numa criança. Mas Joãozinho, você precisa ser homem, você precisa ser forte. Eu gostaria que você se lembrasse de que o seu pai é um rei, e nunca se esquecesse que você é filho de um rei. Você deve sempre se comportar como filho de um rei.”
“– Professora, os soldados então deram um sinal para o meu pai voltar à fila. Ele continuou a sua marcha, e eu correndo atrás para ver o que ia acontecer.
“– Professora, eu vi que o capitão mandou que eles parassem. Vi que os soldados levantaram as suas armas. Professora, eu ouvi os tiros.
“– Professora, eu vi quando meu pai caiu, e a minha mãe caiu.
“– Professora, eu sofri muito, mas achei muitas pessoas que me ajudaram.
“– Professora, a senhora não sabe por que eu sou diferente? Eu sou diferente porque eu sou filho de um rei. Eu quero sempre me comportar como filho de um rei.”
Há alguém aqui que gostaria de confirmar o seu voto a Deus de que é filho de um Rei? Não somente um rei de um pequeno país lá na Europa, mas do Rei dos reis, o Senhor dos senhores.
Você gostaria de dizer: “– Senhor, eu creio na Tua salvação. Eu tenho certeza porque não é pelo que eu faço, mas pelo que Jesus Cristo fez por mim. E eu quero me entregar novamente, entregar os meus membros, o meu corpo, os meus olhos, as minhas mãos, os meus pés como instrumentos de justiça para servir a Deus.”
A mensagem de Romanos ficará para sempre em sua memória, de que há segurança nesta salvação. Nunca mais você esquecerá que só em Cristo há segurança. Como disse o grande pregador Moody: “Quando eu olho para mim mesmo, eu não sei como posso me salvar; mas quando olho para Jesus, eu não sei como posso me perder.”
Que tempo já faz que falaste com Deus
Contando os segredos da alma?
Que tempo já faz que oraste ao Senhor
E de joelhos ouviste Sua voz?
Que tempo já faz que ajoelhaste a sós
E oraste ao teu Deus lá do Céu?
Que tempo já faz que o teu coração
Se apega aos pecados teus?
- [HASD Nº 425 – Que Tempo Já Faz?]
Você gostaria de se entregar inteiramente a Jesus Cristo neste momento? Se você está sentindo o Espírito Santo a lhe chamar, então diga a Deus: “Senhor, eu tenho certeza da Tua salvação. Eu creio plenamente em Jesus, meu Salvador; e quero me comportar como um filho de Deus, o filho do Rei dos reis.”
Pr. Roberto Biagini
Fonte: Blog Sétimo Dia
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