1 de dez. de 2011

A Imprensa e Sua Influência na Divulgação da Bíblia

A invenção da imprensa tem sido motivo de grandes controvérsias. Alguns autores afirmam categoricamente que Gutenberg não foi, como freqüentemente se diz, o inventor da imprensa, pois ela já era conhecida antes do seu nascimento, aperfeiçoou-a simplesmente, e, adotando o sistema das letras móveis, contribuiu para que a arte tipográfica tomasse um desenvolvimento considerável.

A Grande Enciclopédia Portuguesa e Brasileira, discutindo este assunto no verbete “Tipografia” afirma:
“O livro impresso mais antigo que a história da tipografia registra, foi encontrado em 1900, na China, na província de Kansu. Foi impresso em 11 de maio do ano 868. Tinha sido impresso com o uso de blocos, provando-se assim que muitos séculos antes de Gutenberg, já os chineses tinham inventado a imprensa.”

“A impressão com tipo móvel foi pela primeira vez feita também por um chinês Pi Sheng, que de 1041 a 1049 usou desse processo para publicar vários livros, sendo notável, que ambas estas descobertas estão inteiramente autenticadas. Verifica-se, porém, que devido ao grande número de caracteres usados na língua chinesa, o novo processo de publicação não foi na generalidade adotado e em breve esse método caiu em desuso.”

“Como a Holanda, a França, a Alemanha, e a Itália, reclamam para si tal glória, um investigador colocou do seguinte modo o problema: A Holanda tem livros, mas não tem documentos. A França tem documentos mas não tem livros. A Itália não tem documentos nem livros. A Alemanha tem documentos e livros”.

A história desta descoberta é bastante longa e sendo nosso interesse o seu papel na divulgação da Bíblia, limitar-nos-emos a este assunto, partindo da premissa de que este invento foi obra de Gutenberg.

A invenção de João Gutenberg, de imprimir usando tipos móveis, teve conseqüências momentosas na cultura ocidental. Agora, exemplares de livros poderiam ser reproduzidos mais rapidamente, a preço mais acessível e com grau de precisão bem maior do que antes era possível. A ciência e a cultura, jamais poderiam ter alcançado o extraordinário desenvolvimento de nossos dias, sem a contribuição de Gutenberg, que com seu invento possibilitou que não apenas as classes ricas tivessem o privilégio do estudo, mas mesmo a classe média e até os pobres.

A Bíblia era, nesse tempo, o livro mais caro, porque sua transcrição manual ocupava o trabalho de muitas pessoas. Muito apropriadamente, o primeiro grande produto da imprensa de Gutenberg foi uma edição magnificente da Bíblia. O texto foi a Vulgata Latina de São Jerônimo sendo publicado em Mogúncia entre 1450 e 1456. Era uma grande Bíblia de 1282 páginas – também conhecida como a Bíblia de 42 linhas, porque em cada página havia duas colunas com este número de linhas. Outros ainda a denominam Bíblia de Mazarino (nome do cardeal, em cuja biblioteca foi descoberto, em 1760 um volume da obra).

A tarefa da impressão da Bíblia foi extenuante e quase além das limitadas possibilidades humanas do século XV, mas graças ao idealismo do homem de Mogúncia todos os óbices foram superados.

Ao Gutenberg expor seu plano de imprimir toda a Bíblia, seus sócios e auxiliares pensaram que ele estivesse perdendo o juízo, porque pelo moroso processo da incipiente impressão eles poderiam apenas imprimir duas páginas por mês. Se pensarmos em 1000 páginas para a Bíblia é fácil deduzir que talvez morressem antes de ver a empreitada terminada.

A princípio, as letras eram gravadas em madeira e estas arrumadas em tabuinhas, mas sendo a madeira de pouca resistência, não suportava a impressão. Depois de muito meditar ele idealizou gravar os tipos separados não em madeira, mas em metal. Persistentemente Gutenberg trabalhou durante oito dedicados anos, entalhando letras e as arrumando em caixinhas. A primeira frase que ele imprimiu em tipos móveis foi: “Pai nosso que estás no Céu”.

Impressos os primeiros exemplares da Bíblia, põe-se logo João Fust o rico ourives e sócio de Gutenberg a disseminar o Livro Santo. O primeiro exemplar foi vendido ao rei Carlos II por 825 dólares. Outro foi vendido ao arcebispo de Paris pelo mesmo preço. Passados alguns dias o rei e o arcebispo se encontram e trocam idéias a respeito do maravilhoso livro que haviam comprado. Os exemplares são trazidos e ao examinarem ficam estupefatos ao perceberem que eram exatamente iguais. A grande descoberta os desorienta e atônitos exclamam: “Esta obra é do diabo”. Incontinenti prendem a Fust, e este para obter a liberdade, teve que esclarecer todo o mistério.

Embora um exemplar impresso da Bíblia fosse oito vezes mais barato do que um autêntico manuscrito, seu preço ainda era elevado para poder ser adquirido por tantos compradores quantos os que seriam necessários para que Gutenberg pagasse as suas dívidas e Fust satisfizesse a sua ânsia de dinheiro, Infelizmente, lides intelectuais precisam estar sujeitos a problemas materiais.

Dessa primeira edição foram feitos apenas 41 exemplares. Destes ainda existem três, impressos em pergaminho. Um se acha na Biblioteca do Congresso nos Estados Unidos, outro no Museu Britânico e o terceiro na Biblioteca Nacional de Paris.

A que se encontra na Biblioteca do Congresso, foi comprada, em 1939, por um milhão e meio de dólares. São três volumes.

Na revista da Sociedade Bíblica lemos:

“Durante quase três anos – de 1452 até 1455 – Gutenberg trabalhou na impressão da Bíblia. Para imprimir o Livro dos livros foi necessário o trabalho de uma grande equipe: Além de Gutenberg, 6 impressores, 12 tipógrafos e mais 20 auxiliares. O primeiro livro impresso, já então era muito caro e, para adquirir naquela época, precisar-se-ia de quatro vezes o ordenado anual de um escrivão de livros manuscritos.

“O material empregado para Bíblia impressa por Gutenberg foi o pergaminho, e para as suas 30 primeiras Bíblias ele precisou da pele de 5.000 cabras. Ao todo foram impressas cerca de 180 Bíblias por Gutenberg.” (A Bíblia no Brasil, Nov. e Dez. de 1980, p. 13).

Davi d’Angers ao fazer a estátua de Gutenberg, que se encontra em Estrasburgo, ele o apresenta no momento de retirar da prensa uma folha, em que estão impressas estas palavras: “E a luz se fez”.

Do vale do Reno a imprensa expandiu-se pela Europa com grande velocidade. Esta difusão contribuiu para que a Bíblia (a luz que vem de Deus) se tornasse conhecida rapidamente em muitos países da Europa. Antes de 1500, Bíblias tinham sido impressas em várias das principais línguas vernáculas da Europa Ocidental, como a francesa, a alemã e a italiana.

Não deve ser olvidado que a disseminação da Palavra de Deus levantou oposição: em conseqüência edições inteiras da Bíblia foram queimadas em praça pública e seus pregadores ameaçados, coagidos e, às vezes, levados à fogueira. A Igreja de Roma durante muito tempo resistiu à divulgação da Bíblia, mas com o passar dos anos teve que mudar de orientação e em 1757 o Papa Bento XIV deu permissão para que a Bíblia fosse publicada em italiano, espanhol e português.

Em 1477, vinte e sete anos depois da invenção da imprensa, apareceu a primeira porção impressa da Bíblia Hebraica, ou seja, o livro dos Salmos.

Onze anos depois, isto é, em 1488, a primeira edição do Velho Testamento hebraico, apareceu publicada pela imprensa Soncino, perto de Milão, na Itália.

O Novo Testamento grego somente foi impresso em 1514. Por que tanta demora?

Duas razões são apresentadas para esta longa espera desde a invenção de Gutenberg até o primeiro testamento grego impresso.

1) A produção de tipos gregos necessários para a publicação de um livro de tamanho considerável era difícil e cara. Havia formas diferentes da mesma letra e numerosos sinais, fazendo com que os impressores preparassem cerca de 200 caracteres diferentes para a primeira impressão. Posteriormente, houve uma simplificação, tanto de sinais como do alfabeto e tudo se tornou mais fácil.

2) A segunda razão apresentada para este retardamento estava no prestígio que gozava a Bíblia latina, a Vulgata de São Jerônimo.

Bíblia Poliglota Complutense

O primeiro Novo Testamento Grego foi impresso em 1514 como parte de uma Bíblia Poliglota. Esta Bíblia, planejada em 1502 pelo Cardeal da Espanha, Francisco Ximenes, chama-se Poliglota por trazer os textos hebraico, aramaico, grego e latino. Pelo fato de ter sido impressa na Universidade de Alcalá (nome árabe para o lugar onde estava a Universidade, em latim o nome era Complutum) esta Bíblia recebeu também o nome de Poliglota de Alcalá.

Das 600 coleções que foram impressas, são conhecidas e localizadas hoje 97 delas, estando uma na Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro.

Esta Bíblia é constituída de seis volumes, sendo que os quatro que contêm o Velho Testamento apresentam o texto hebraico massorético, o latim da Vulgata e o grego da Septuaginta. Na parte inferior vem o texto do Targum aramaico de Onkelos, acompanhado de uma tradução latina. O Novo Testamento está no quinto volume, havendo no final deste um índice de nomes próprios, uma gramática da língua grega e um dicionário grego-latino. No sexto volume há um extenso dicionário hebraico-latino e outro pequeno latino hebraico, além de uma gramática hebraica.

Embora fosse o primeiro Novo Testamento impresso, não foi o primeiro a ser vendido, porque para a sua divulgação era necessária uma autorização papal e esta só foi obtida em 1520. Por alguma razão, até hoje não explicada, a Bíblia Poliglota Complutense não circulou antes de 1522.

Não sabemos que manuscritos foram usados pelo Cardeal Ximenes na elaboração desta grande obra. Em sua dedicação ao Papa Leão X, depois de mencionar as dificuldades enfrentadas para obter manuscritos latinos, hebraicos e gregos, Ximenes afirma:

“Pelas cópias gregas somos reconhecidos a Sua Santidade, que muito bondosamente, nos enviou da Biblioteca Apostólica códices mui antigos, tanto do Velho como do Novo Testamento, que nos ajudaram muito nesta empreitada.”

Houve outras poliglotas famosas publicadas em Antuérpia (1569 – 1572) e Paris (1629-1645); porém, a mais notável de todas foi a Poliglota de Londres (1657-1669), publicada por Briam Walton em oito volumes, contendo cada página o texto do Velho Testamento em hebraico, latim da Vulgata, Targum, grego da Septuaginta, siríaco, árabe e Pentateuco Samaritano.

Novo Testamento de Erasmo

Embora o texto complutense seja o primeiro Novo Testamento a ser impresso, o primeiro Novo Testamento Grego a ser impresso e colocado no mercado foi a edição preparada pelo famoso erudito Erasmo de Roterdam (1469-1536).

Ao Erasmo visitar Basiléia em 1514 recebeu uma proposta de Froben para que preparasse uma edição do Novo Testamento Grego, prontificando-se a pagar-lhe uma importância vantajosa para um trabalho de tal envergadura.

Em Basiléia, Erasmo não encontrou manuscritos gregos suficientemente bons e nenhum que contivesse o Novo Testamento inteiro. Para a maioria do texto ele confiou em dois manuscritos inferiores da Biblioteca de um mosteiro em Basiléia, sendo um dos Evangelhos e outro dos Atos e Epístolas, ambos mais ou menos do século XII. Para o livro de Apocalipse ele possuía apenas um manuscrito também do século XII, que tomara emprestado do seu amigo Reuchlin. Faltava a este manuscrito a última folha com os seis últimos versos da Bíblia. Para suprir a falta dos inexistentes, bem como alguns outros ilegíveis no manuscrito, Erasmo traduziu-os da Vulgata Latina para o grego. Como poderíamos esperar, o texto grego traduzido por Erasmo é diferente do que se encontra em qualquer manuscrito grego conhecido.

A impressão, terminada em 1516, por ter sido apressada e descuidada estava repleta de erros tipográficos. Embora muitos destes erros fossem corrigidos pelo próprio Erasmo nas quatro edições seguintes (1519, 1522, 1527 e 1535) o texto não foi aperfeiçoado.

A aceitação da primeira edição foi relativamente boa, pois muitos compradores foram encontrados através da Europa. Dentro de três anos uma segunda edição foi publicada e o número total de exemplares das edições de 1516 e 1519 alcançou 3.300. A segunda edição tornou-se a base da tradução alemã de Lutero.

Se em certos círculos a obra foi bem aceita, em outros ela foi recebida com preconceito e mesmo com aberta hostilidade, para isto contribuindo, especialmente, os seguintes fatores:

a) Descuido na sua apresentação gráfica;
b) Anotações cansativas de Erasmo, procurando justificar sua tradução;
c) Inclusão entre as notas filológicas de diversos comentários cáusticos, sobre a vida desregrada e corrupta de muitos sacerdotes.

Como era de se esperar, clérigos protestaram através dos púlpitos e seu clamor ressoou por toda a parte. As conseqüências da atitude desassombrada de Erasmo logo se fizeram sentir, sendo proibida a leitura de seus livros nas Universidades de Cambridge e Oxford, estendendo-se ainda a proibição aos livreiros para que não vendessem os seus livros.

COMMA JOANINA

Entre as críticas levantadas contra Erasmo, uma das mais sérias, foi a acusação de que no seu texto, em I João 5:7-8, não apareciam as palavras: “no céu, o Pai, a Palavra e o Espírito Santo, e estes três são um; e há três que testemunham na terra”. Erasmo replicou que não encontrara estas palavras em nenhum manuscrito antigo e descuidadamente fez a afirmação que inseriria a “Comma Joanina”, do latim Comma Johanneum, como é chamada nas edições futuras, se um único manuscrito grego fosse encontrado, anterior ao século XII, que contivesse a passagem. Este manuscrito lhe foi mostrado, e Erasmo, cumprindo a promessa, colocou a passagem na terceira edição de 1522, porém, em longa nota marginal indica suas suspeitas de que o manuscrito fora preparado para confundi-lo. Segundo Bruce em “The Text of the New Testament”, página 101, este manuscrito foi falsamente preparado lá por 1520 por um monge franciscano, que tomara estas palavras da Vulgata Latina.

A Crítica Textual esclarece que dos milhares de manuscritos gregos, somente três contêm esta passagem espúria, sendo eles posteriores ao século XII. A Comma Joanina, provavelmente teve a sua origem num comentário exegético, escrito na margem e transcrito para o texto de manuscritos da Vulgata Latina antes do ano 800 A.D. Em vista de sua inclusão na Vulgata Clementina de 1592, o Santo Ofício em Roma (1897) fez um pronunciamento, aprovado pelo Papa Leão XIII, dizendo que não é seguro negar que estas palavras não sejam de João.

A Bíblia católica, tradução do Padre Antônio Pereira de Figueiredo, com comentários e anotações traz a seguinte nota sobre esta interpolação:

“Este versículo (1 João 5:7) tem dado lugar a séria controvérsia, afirmando uns e contradizendo outros a sua autenticidade. Um decreto do Concílio de Trento, confirmado no Concílio do Vaticano, fulmina com anátemas todo aquele que recusar aceitar como canônicas, em todas as suas partes, os livros sagrados contidos na versão Vulgata . . . Ora, não resta dúvida que este versículo faz parte integrante dum livro reputado como canônico, pois está inserto na edição de Sisto V e Clemente VIII, que proibiram mutilar qualquer parte, fosse qual fosse. . . Os testemunhos mais graves e os monumentos mais respeitáveis da tradição eclesiástica consideram canônico este versículo, podendo citar-se S. Cipriano, S. Fulgêncio, S. Eugênio, bispo de Cartago, o herege Prisciliano, Cassiodoro, no seu comentário às epístolas apostólicas, etc. Além destes testemunhos valiosos extrínsecos, temos os intrínsecos, que não são de menor valia. Truncando-se este versículo fica uma lacuna inexplicável, não haveria relação entre os antecedentes e conseqüentes. Considerar este versículo como uma interpolação é acusar de fraude todos os bispos de África, o que seria imputação temerária. Que vantagem lhes adviria daí, se o seu caráter não excluísse a hipótese do logro? Refutar os Arianos? De que lhes servia a invenção dum texto novo, falso, desconhecido pela antiguidade, tendo de discutir como homens que conheciam a Sagrada Escritura? É certo que este versículo se não encontra em muitos manuscritos gregos, mas a explicação é fácil, é um erro de cópia trivialíssimo, visto que as palavras do versículo seguinte: são exatamente as mesmas. Foi uma inadvertência, um saldo natural de quem copiava. Modernamente pois não tem faltado críticos ortodoxos que consideram o versículo 7 como uma glosa explicativa do versículo seguinte, e entre estes citaremos Rude, Shortz, Kauben, Guntner, Bispina, Shauz, Comely e outros, apresentando razões de valor, entre as quais não se ter a Igreja pronunciado sobre o assunto, não ser decisivo o testemunho e tradição, e restabelecer-se o sentido, considerado o versículo em questão como uma nota.”

A Bíblia de Jerusalém, tradução católica, traz a seguinte nota, bem mais consentânea como a Crítica Textual:

“O texto dos Vv. 7-8 está acrescido na Vulgata de um inciso (aqui abaixo entre parênteses) ausente nos antigos mss. gregos, nas antigas versões e nos melhores mss. da Vulg., e que parece ser uma glosa marginal introduzida posteriormente no texto: ‘Porque há três que testemunham (no Céu: o Pai, o Verbo e o Espírito Santo, e esses três são um só; e há três que testemunham na terra): o Espírito, a água e o sangue, e esses três são um só’.”

Traduções modernas, baseadas no texto original, a tem omitido com muita razão.

Em virtude dos fatos aqui apresentados e seguindo orientação superiora, como do Comentário Bíblico Adventista, este texto nunca deverá ser usado para provar a existência da trindade.

Edições do Novo Testamento Depois de Erasmo

Mais de trinta edições do Novo Testamento apareceram rapidamente depois das edições de Erasmo.

A primeira edição completa da Bíblia em Grego foi impressa pela famosa Editora Aldine em 1518, na cidade de Veneza.

Quando o surgimento da imprensa, as Escrituras ou parte delas, tinham sido traduzidas em menos de 20 línguas. Desde então o progresso na tradução e divulgação da Bíblia tornou-se notável. A tradução de Lutero, em 1534, fez com que a Bíblia se tornasse o livro mais popular da Alemanha. Dentro de pouco tempo a Palavra de Deus estava traduzida para o espanhol, eslavo, árabe, polonês, dinamarquês, inglês, sueco, húngaro, islandês e finlandês.

Depois de 1800 as versões da Bíblia se multiplicaram nas línguas e dialetos mais importantes do mundo.

Dentre os tradutores da Bíblia destacam-se:

a) John Eliot, que na América do Norte a traduziu para a língua dos índios;
b) Guilherme Carey, um dos tradutores mais notáveis do mundo, pois fez e ajudou a fazer a tradução para 35 1ínguas e dialetos da Índia.

Muito contribuíram para a disseminação da Palavra de Deus através do mundo a organização de várias sociedades bíblicas.

A Apostila Fuentes Bíblicas página 80-91 fornece-nos úteis informações sobre estas sociedades, que aqui tomamos a liberdade de sintetizá-las.

FUNÇÕES DAS SOCIEDADES BÍBLICAS

Estas funções são múltiplas, pois não consistem apenas na publicação da Bíblia, sem visar lucro; mas, angariar os fundos para a prossecução do trabalho; selecionar pessoas capazes para a preparação de novas versões; escolher elementos que incentivem a disseminação da Bíblia em diferentes países, etc.

As mais destacadas sociedades bíblicas são as seguintes:

1. SOCIEDADE BÍBLICA DE CANSTEIN

Nome derivado do título de seu promotor – Karl Hildebrand – Barão de Canstein, Foi organizada na. cidade alemã de Halle em 1710 (segundo outros em 1712).

Sua importância se baseia nestas duas proposições:

a) Distribuiu 6.000.000 de exemplares da Palavra de Deus;
b) Foi a precursora de uma linha notável de idênticas beneméritas sociedades.

2. SOCIEDADE BÍBLICA BRITÂNICA E ESTRANGEIRA

Em 1802 o Reverendo Thomas Charles, sentindo a escassez de Bíblias, lançou a idéia de uma entidade que promovesse a sua publicação. Em resposta ao seu anelo, no dia 7 de março de 1804, mais de 300 pessoas de distintas denominações se reuniram em Londres para a Organização da Sociedade Bíblica Britânica e Estrangeira.

Durante os primeiros anos de sua história publicou edições francesas e castelhanas da Bíblia, que se destinaram ao uso de 30.000 prisioneiros de guerra dessas nacionalidades. Atualmente publica as Escrituras completas ou parcialmente em quase 400 1ínguas distintas.

3. SOCIEDADE BÍBLICA AMERICANA

Por influência das agradáveis notícias da Sociedade Britânica, várias sociedades locais foram organizadas nos Estados Unidos. A primeira delas foi em Filadélfia em 1808. Após 8 anos seu número chegou a 128, Percebendo as vantagens de unir todas estas sociedades o Sr. Elias Boudinot, Presidente da Sociedade Bíblica de Nova Jersey fez um apelo neste sentido. Atendendo ao seu apelo representantes de 28 sociedades locais se reuniram em Nova Iorque em maio de 1816, organizando a Sociedade Bíblica Americana.

Embora não tenha tido as mesmas proporções da Britânica, publica a Bíblia em mais de 80 idiomas.

4. OUTRAS SOCIEDADES CONHECIDAS

a) A Sociedade Bíblica Prussiana, fundada em 1814;
b) A Sociedade Bíblica dos Países Baixos, iniciada em 1815;
c) A Sociedade Bíblica da Escócia, cooperando para divulgação da Palavra de Deus desde 1861;
d) A Sociedade Bíblica da Irlanda e outras.

Além das sociedades acima mencionadas há ainda um número considerável de sociedades menores, sendo o seu número superior a 80.

Existem também casas editoriais particulares que publicam a Bíblia.

a) A da Universidade de Oxford;
b) A da Universidade de Cambridge;
c) Waterlow & Sons Limited, de Londres;
d) Samuel Bagster e Filhos.

O vulto do trabalho realizado por estas sociedades é realmente impressionante. Apenas algumas cifras elucidativas.

Segundo uma estatística de 1912, o número de Bíblias ou partes da Bíblia distribuídas em 1911 foi de 16 milhões de exemplares. A sociedade Bíblica Americana no primeiro século de sua existência distribuiu 109.926.214 Bíblias ou algumas de suas partes, destas 23.456.549 foram completas.

Aproximadamente já foram editadas, até 1955, pelas Sociedades Bíblicas, nada menos do que 1.000.000.000 (um bilhão) de exemplares ou porções das Sagradas Escrituras.

Exemplares completos alcançam o número de 190.000.000 desde 1804. Durante o ano de 1955 somente a Sociedade Bíblica Britânica e Estrangeira distribuiu 7.830.000 exemplares.

De acordo com o relatório de dezembro de 1949 da Sociedade Bíblica Americana, a Bíblia completa tinha sido publicada em 190 línguas, o Novo Testamento completo em 245, um Evangelho ou outro livro da Bíblia em 581; porções selecionadas em 92 línguas, um total de 1.118 línguas em que pelo menos, parte da Bíblia foi publicada.

Em nossos dias a Bíblia pode ser lida em quase todas as línguas do mundo. Não podemos fixar o número exato de traduções, porque os algarismos variam conforme os autores. As Sagradas Escrituras estão traduzidas para línguas das quais talvez nunca ouvimos falar, como o malgaxe e o ouolof.

A Sra. Ellen G. White escreveu em O Grande Conflito páginas 287 e 288 o seguinte:

“Quando se formou a Sociedade Britânica, a Bíblia havia sido impressa e circulara em cinqüenta línguas. Desde então foi traduzida em mais de duas mil línguas e dialetos. …

“Os aperfeiçoamentos da imprensa deram impulso à obra da circulação da Escritura Sagrada. As ampliadas facilidades de comunicação entre os diferentes países, a ruína de antigas barreiras de preconceitos e exclusivismo nacional, e a perda do poder secular pelo pontífice de Roma, têm aberto o caminho para a entrada da Palavra de Deus. Há anos a Bíblia tem sido vendida sem restrições nas ruas de Roma, e atualmente está sendo levada a cada parte habitável do globo.

“O incrédulo Voltaire jactanciosamente disse certa vez: ‘Estou cansado de ouvir dizer que doze homens estabeleceram a religião cristã. Eu provarei que basta um homem para suprimi-la.’ Faz mais de um século que morreu. Milhões têm aderido à guerra contra a Escritura Sagrada. Mas tão longe está de ser destruída que, onde havia cem no tempo de Voltaire, há hoje dez mil, ou antes, cem mil exemplares do Livro de Deus. Nas palavras de um primitivo reformador, relativas à igreja cristã, a ‘Bíblia é uma bigorna que tem gasto muitos martelos’. Disse o Senhor: ‘Toda a ferramenta preparada contra ti, não prosperará; e toda a língua que se levantar contra ti em juízo, tu a condenarás.’ Isa. 54:17.

” ‘A Palavra de nosso Deus subsiste eternamente.’ ‘Fiéis [são] todos os Seus mandamentos. Permanecem firmes para todo o sempre; são feitos em verdade e retidão.’ Sal. 111:7 e 8. O que quer que seja edificado sobre a autoridade do homem será destruído; mas subsistirá eternamente o que se acha fundado sobre a rocha da imutável Palavra de Deus.”

Pedro Apolinário, História do Texto Bíblico, Capítulo 13.

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